segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Fike resumo


FIKE, cinema, personalidades, workshops, música, concertos e entrevistas de forma curta e directa.

sábado, 24 de novembro de 2007


A mais jovem espectadora do Fike, 20 dias de idade :) Ha que começar pelos mais novos!

FIKE DIA 5


Mais um podcast, desta vez poderão navegar nas águas da geologia numa "Jangada de Pedra", título de um documentário de Rietske van Raay. Podera ver tambem entrevistas e depoimentos do Reitor da Universidade de Evora, de Rui dias, Rietske van Raay, Amin Maalouf e Jordi Saval.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

KAMRAN SHIRDEL | Ninguém deve temer o Irão

"O mundo ocidental não deve temer o programa nuclear iraniano que tem fins pacíficos", afirmou o realizador Kamran Shirdel, um dos mais respeitados documentaristas iranianos, homenageado nesta edição do FIKE - Festival de Curtas-Metragens de évora.


Segundo Kamran Shirdel, que nos anos 60 chegou a ser expulso do Ministério das Artes e Cultura devido ao conteúdo político e social dos seus filmes, "tudo não passa de propaganda do regime de George Bush e de alguns países ocidentais, nomeadamente o Reino Unido e a França".


E acrescenta: "Embora não possa afirmá-lo com toda a certeza, acredito que o actual regime iraniano, do presidente Mahmoud Ahmadinejad, não tenha a mínima intenção de utilizar a energia nuclear de forma violenta, tal como os Estados Unidos fizeram em Hiroshima e Nagasaki durante a II Guerra Mundial".


"Espero que o programa nuclear do Irão seja direccionado para fins pacíficos, afim de melhorar o nível de vida dos iranianos", sublinhou ainda o cineasta, cujo filme "The Night it Rained" está classificado entre os dez melhores documentários de sempre da história do cinema.


Confessando que há quase 30 anos não vê cinema de ficção nas salas - "só documentários" - Kamran Shirdel, cuja formação cinematográfica foi feita em Itália na década de 60 ao lado de nomes grandes como Roberto Rossellini, viu a sua vocação definida quando assistiu pela primeira vez a filmes como "O Acossado", de Jean-Luc Godard e "O Grito" e "A Aventura" de Michelangelo Antonioni.


MOSTRAR A REALIDADE


Após estudar urbanismo e arquitectura na Universidade de Roma e realização no Centro Experimental de Cinema, Kamran Shirdel começa a trabalhar no seu país natal em 1965. Tinha 26 anos.


Por encomenda do próprio governo, então dirigido pelo Xá Mohamed Reza Pahlevi, deposto em 1979, Shirdel realizou os primeiros filmes, todos sobre os problemas sociais que afectavam a população de Teerão, como a pobreza, o sistema prisional feminino, a corrupção e acima de tudo "as grandes mentiras que eram ditas pelo regime de então. Infelizmente, sempre houve um enorme fosso entre aquilo que os dirigentes dizem e a realidade concreta das populações".


Ironicamente, todos os filmes dirigidos por Kamran Shirdel, como "Women’s Prision", "Tehran is
the Capital of Iran" ou "The Night it Rained", foram encomendados pelo governo que, todavia, "ignorava a miséria em que o povo vivia. E ao assistirem à montagem dos filmes, não gostaram do que viram e acabaram por proibi-los. A ordem directa veio de um cunhado do Xá, que dirigia o Ministério das Artes e Cultura para o qual trabalhava. Ela desconhecia a pobreza em que a população viva. Que ela era tão dura e negra".


Quarenta anos depois, o cineasta diz que deixou de lado os filmes sobre os problemas sociais do Irão porque "estes devem ser produzidos por produtores de cinema. E é preciso dinheiro para os fazer. Depois de ser expulso do Ministério das Artes e Cultura e por uma questão de sobrevivência, tive de realizar filmes sobre a indústria, já que tive muito poucas hipóteses de dirigir outro tipo de películas".

FILMES RECUPERADOS


Depois da revolução iniciada pelo regime do Ayhatolla Khomeini, Kamran Shirdel conseguiu recuperar os seus filmes - "que julgava terem sido destruídos" - que foram remontados, sendo hoje um documento importante e histórico sobre o que se passou durante o antigo regime político no Irão.



NO ONE SHOULD FEAR IRAN


“The western world should not fear the iranian nuclear program which has peaceful purposes”, said the director Kamran Shirdel, one of the most respected iranian documentalists, honoured in this edition of FIKE – International Short Film Festival of Évora.


According to Kamran Shirdel, who in the 60’s was expelled of the Arts and Culture Ministry due to the politic and social contents of his films, “everything is just propaganda of George Bush’s regime and of some western contries, in particular the United Kingdom and France”.

And adds: “Though I can not say so with complete certainty, I believe that the current iranian regime, of the president Mahmoud Ahmadinejad, has not the slightest intention of use nuclear energy in a violent way, as the United States did in Hiroshima and Nagasaki during the Word War II”.

“I hope that the Iran’s nuclear program is targeted to peaceful ends, in order to improve the iranian’s life level”, also highlighted the filmmaker, whose film “The Night it Rained” it’s ranked among the ten best documentaries ever in the history of cinema.

He confided that for nearly 30 years he hasn’t seen fiction films in the theatres – “only documentaries” - Kamran Shirdel, whose film training was in the 60’s, in Italy, next to big names such as Roberto Rossellini, saw his vocation defined when he attended for the very first time to films such as “O Acossado”, by Jean-Luc Godard and “O Grito” and “A Aventura” by Michalangelo Antonioni.


A REALITY SHOW


After urban planning and architecture studies in University of Rome and directing in the Experimental Cinema Center, Kamran Shirdel starts working in this home country in 1965. He was 26 years old.


By the own government order, then headed by Shah Mohamed Reza Pahlevi, deposed in 1979, Shirdel directed his first films, all about the social problems that affected the Tehran’s population, like poverty, the female prison system, corruption and above all “the big lies that were said by the regime of then. Unfortunately, there always has been a big hole between what the leaders say and the reality of the people”.


Ironically, all films directed by Kamran Shirdel, as “Women’s Prision”, “Tehran is the Capital of Iran” or “The Night it Rained”, were ordered by the government who, however, “ignored the misery in which the people lived. And by watching the film editing, they didn’t accept and ended up by prohibiting them. The direct order came from the Shah’s brother-in-law, who ran the Arts and Culture Ministry

LEONARDO AUTERA | A Vida por uma Foto


















“Uma foto vale uma vida. Absolutamente. Apesar de tudo por que passei em cenários de guerra, faria exactamente as mesmas coisas por uma fotografia” – afirmou o fotógrafo italiano Leonardo Autera, com trabalho recolhido em mais de 168 países ao longo de 30 anos, e um dos convidados de honra do FIKE 2007 – Festival Internacional de Curtas-Metragens de Évora.


Autor de uma vasta obra fotográfica e com três milhões e meio de negativos em arquivo, para Leonardo Autera “uma fotografia é um base do espectro social, uma coisa íntima e pessoal. É o espelho do próprio ser. Todos têm o direito de nos oferecer o que vai dentro de si. A fotografia, tal como o cinema, é uma coisa única que respeita a nossa profunda verdade”.


De acordo com alguns povos, tirar uma fotografia é como roubar um pouco da alma. Leonardo Autera concorda: “É verdade, mas simultaneamente é uma grande terapia para poder comunicar com os outros”.


ARMA PERIGOSA


Enquanto espectador privilegiado e atento dos males da sociedade, o fotógrafo – segundo Autera – “é também alguém com um olhar preciso sobre o coração dos outros, dos que são fotografados e de quem nos aproximamos intimamente. É preciso deixar uma mensagem precisa e clara a quem vê essas imagens. Por isso, digo que tudo é fotografável, não existindo barreiras à captação de qualquer foto”.


Apesar disso – e na pele de um repórter de guerra – Leonardo Autera experimentou os perigos de captar para a posteridade situações que outros queriam esconder, quase pagando com a vida essa ousadia: “Em 1981, durante a guerra civil no Rwanda, ou mais tarde no Irão e no Iraque, fui ferido algumas vezes. Ao contrário de alguns dos meus colegas, que vi morrer ao meu lado, felizmente que eu sobrevivi. Não sei porquê”.


Em tempos mais pacíficos, Leonardo Autera tem muitas histórias para contar. É o que vai acontecer nesta quinta-feira durante uma aula aberta na Fábrica dos Leões, em Évora, a partir das 14.30. Imperdível.

JORGE CAMPOS | O Poder do Documentário











Jorge Campos, professor universitário e antigo jornalista da RTP, esteve em Évora para uma master class sobre o documentário político dos últimos 70 anos, no âmbito do FIKE – Festival Internacional de Curtas-Metragens, que decorre até dia 24 do corrente.


Considerando o documentário “como uma das formas mais livres da sétima arte”, Jorge Campos sublinha que desde o início da sua existência, “é uma forma cinematográfica que está intimamente ligada às questões sociais, por estar vinculada ao real. Nesse sentido, tem sido reiteradamente utilizada como uma arma de arremesso, de persuasão, de denúncia e de convencimento das pessoas”.


Falando concretamente do crescente impacto que o documentário tem actualmente no cinema (como os trabalhos de Michael Moore) e na televisão (como “A Guerra”, na RTP-1 ou “Toda a Verdade” na SIC-Notícias”), Jorge Campos frisa que tal se deve, em grande parte, à perda de credibilidade da política norte-americana.


“O público não encontra respostas nos tradicionais meios de comunicação para as grandes questões do mundo. E sempre que tal historicamente aconteceu, o documentário voltou em
força. É o que está a suceder hoje em dia”.


CREDIBILIDADE


Jorge Campos, porém, sublinha que há que dividir as águas, não se devendo confundir “um jornalista com um documentarista. O primeiro tem a obrigação de se reger pelas regras da objectividade. O segundo tem de ser subjectivo, apresentando o mundo de acordo com o seu próprio ponto de vista”.


E conclui: “
O documentário obriga o seu autor a ter um olhar singular sobre o mundo. Se não o fizer e for pelos atalhos jornalísticos, acaba por não dar resposta às questões que aborda, do modo a que tem direito. Por isso afirmo que, ao contrário de muitos que querem fazer crer, o Michael Moore (autor de, por exemplo, “Sicko”, Fahrenheit 9/11” e “Bowling for Columbine”, todos exibidos em Portugal), é um cineasta credível”.

DAVID POPE | A Arte de fazer Cinema











David Pope, cineasta e responsável pelo Departamento de Educação da Academia de Cinema de Nova York, no Reino Unido, está em Évora para dirigir o workshop “Entering the Scene”, onde guia cerca de 20 alunos da Universidade de Évora pelos bastidores da escrita, realização e edição de um filme, no âmbito do FIKE 2007.


Ao longo de cinco dias, David Pope mostrou aos jovens como se conta uma história através da escrita, a qual foi posteriormente filmada, segundo os critérios de cada um dos participantes.


Questionado sobre as verdadeiras noções cinéfilas dos jovens, David Pope respondeu: “Eles provarão que as têm através dos filmes que vão apresentar, mesmo que cada um chegue ao workshop vindo de diferentes áreas e com experiências diversas, o que é muito bom para alguém como eu”.


A minha obrigação é criar um ambiente e dar-lhes algumas ferramentas de trabalho úteis que apoiem a sua criatividade, pois aprende-se fazendo”.


TODOS OS ELEMENTOS SÃO IMPORTANTES

Tendo em conta que o workshop abarca diversas áreas, do guião à edição, passando pelas filmagens, David Pope sublinha que é a combinação de todos estes elementos que dão importância à “construção” de um filme: “O desenvolvimento do guião é muito importante antes da rodagem e isso leva tempo e custa dinheiro.


“Costumamos dizer que, por exemplo, um filme de ficção nasce três vezes: na altura da escrita do guião, durante a rodagem e finalmente na sala de montagem. A combinação destes três níveis da sua vida é fundamental para que o filme resulte”.


FIKE Seminar

“Entering the Scene”.

David Pope, director of education in the New York Film Academy UK.

The New York Film Academy is one of the most innovative and dynamic film schools in the world. The programs are designed with the philosophy of “learning by doing” in mind. Every curriculum in every program stems from this belief. The programs and workshops are the most intense, hands-on courses to be found. To support this philosophy and curricula. The school maintains an unparalleled faculty and one of the largest film school inventories in the world.


David Pope, the director of education for NYFA, UK, will discuss what aspects of film training should be concentrated on to train directors, how can directing be taught and how does a short film director develop their career.


David’s first short film, ”Skulls”, was screened at the Edinburgh Film Festival amongst others. After directing a music video in collaboration with Thurston Moore of Sonic Youth for the “
Root” project.

David directed his first feature film, the award winning drama “Miles from Nowhere”, shot on the road between New York and Las Vegas. David has also worked extensively as a first assistant director, clients include MTV, VH-11 and the BBC. David is currently writing the screenplay for his second feature pretence and in addition is attached as director to three other feature film projects in development in the US and UK.










APRENDER, FAZENDO

A New York Film Academy é uma das mais inovadoras e dinâmicas escolas de cinema do mundo. Os programas são concebidos tendo em mente a filosofia do "aprender fazendo". Cada currículo em cada programa baseia-se neste princípio. Os programas e workshops são intensíssimos e existem cursos práticos, para apoiar esta filosofia e estes currículos. A escola mantém uma incomparável capacidade e um dos maiores espólios de escolas de cinema do mundo.

David Pope, o director de educação para a NYFA no Reino Unido, vai falar

sobre que aspectos da formação cinematográfica devem ser tidos em conta na formação de realizadores, como pode a realização ser ensinada e como um realizador de curtas metragens desenvolve a sua carreira.

A primeira curta-metragem de David, “Skulls, Angels Mom and Dad”, foi mostrada no Festival de Cinema de Edimburgo, entre outros. Depois de dirigir um vídeo musical em colaboração com Thurston Moore dos Sonic Youth para o álbum “Root”, David realizou a sua primeira longa-metragem, o galardoado drama "Miles from Nowhere", rodado no exterior entre Nova Iorque e Las Vegas.

David também trabalhou como assistente de realização com clientes como a MTV, VH-1 e BBC.

Actualmente, David está a escrever o argumento da sua segunda longa- metragem e está ligado à realização de três projectos cinematográficos em desenvolvimento nos EUA e no Reino Unido. Paralelamente, é CEO – Chief Executive Office da “New Producers Alliance”, uma organização de cineastas ingleses fundada há 14 anos, sendo igualmente professor de cinema em várias escolas britânicas.