Autor de uma vasta obra fotográfica e com três milhões e meio de negativos em arquivo, para Leonardo Autera “uma fotografia é um base do espectro social, uma coisa íntima e pessoal. É o espelho do próprio ser. Todos têm o direito de nos oferecer o que vai dentro de si. A fotografia, tal como o cinema, é uma coisa única que respeita a nossa profunda verdade”.
De acordo com alguns povos, tirar uma fotografia é como roubar um pouco da alma. Leonardo Autera concorda: “É verdade, mas simultaneamente é uma grande terapia para poder comunicar com os outros”.
ARMA PERIGOSA
Enquanto espectador privilegiado e atento dos males da sociedade, o fotógrafo – segundo Autera – “é também alguém com um olhar preciso sobre o coração dos outros, dos que são fotografados e de quem nos aproximamos intimamente. É preciso deixar uma mensagem precisa e clara a quem vê essas imagens. Por isso, digo que tudo é fotografável, não existindo barreiras à captação de qualquer foto”.
Apesar disso – e na pele de um repórter de guerra – Leonardo Autera experimentou os perigos de captar para a posteridade situações que outros queriam esconder, quase pagando com a vida essa ousadia: “Em 1981, durante a guerra civil no Rwanda, ou mais tarde no Irão e no Iraque, fui ferido algumas vezes. Ao contrário de alguns dos meus colegas, que vi morrer ao meu lado, felizmente que eu sobrevivi. Não sei porquê”.
Em tempos mais pacíficos, Leonardo Autera tem muitas histórias para contar. É o que vai acontecer nesta quinta-feira durante uma aula aberta na Fábrica dos Leões, em Évora, a partir das 14.30. Imperdível.
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