quinta-feira, 22 de novembro de 2007

HENRIQUE ESPÍRITO SANTO | A Memória dos Anos 70 através de Cartazes de Cinema

Henrique Espírito Santo é um nomes mais importantes do cinema português dos últimos 40 anos, especialmente como director de produção e produtor – foi responsável por mais de 70 filmes - tendo aparecido em alguns deles também como actor.


No FIKE 2007, é o autor de uma exposição de 12 históricos cartazes intitulada “Cinema Português – Anos 70”, um projecto acompanhado pela edição de um cd rom que contém uma completa informação sobre os filmes produzidos naquela década, antes e depois do 25 de Abril de 1974.


Convidado em 2006 a fazer o levantamento do cinema produzido em Portugal nos anos 70, intitulado “Da Resistência à Liberdade”, Henrique Espírito Santo apresentou pela primeira vez o resultado do seu trabalho de pesquisa durante os Encontros de Cinema Português, em Coimbra.


Foi uma experiência muito bem sucedida, pois os cinéfilos têm muita curiosidade sobre o que se fez em Portugal há mais de 30 anos, sobretudo antes e depois da Revolução. No total, fiz o levantamento de 30 filmes de longa-metragem produzidos naqueles anos”.


A par do chamado cinema de autor, cujos filmes foram apoiados em determinado momento pela Fundação Calouste Gulbenkian – através da Cooperativa Portuguesa de Cinema - e de que se destacaram nomes como o produtor António da Cunha Telles e realizadores como António-Pedro de Vasconcelos, autor de “Perdidos por Cem” (1973) ou José Fonseca e Costa, que dirigiu “O Recado“ (1972), os anos 70 ainda foram dominados até 1974 pelos chamados filmes populares, “de faca e alguidar”, melodramas com interpretações de nomes como Tony de Matos ou Helena Isabel. “O Destino Marca a Hora” (1970) e “Os Toiros de Mary Foster” (1972), ambos de Henrique Campos, são dois exemplos de um tipo de cinema nacional, que desapareceu depois de 1974.


FILMES DE UMA ÉPOCA


“Depois do 25 de Abril, claro, inverteu-se a tendência do cinema nacional, que passou a ser muito politizado e está hoje claramente datado. Inclui-se nesta fase filmes como “A Fuga” (1976), de Luís Filipe Rocha, que não tendo tido uma grande carreira comercial nas salas de cinema, acabou por ser um dos títulos portugueses mais vistos na época, graças às exibições paralelas através de colectividades de cultura e recreio, cinemas de província e cineclubes”.


É parte desta memória cinematográfica que Henrique Espírito Santo recupera através desta exposição nas instalações da Universidade de Évora, um espólio pessoal que atinge os 30 cartazes, e de que são expostos apenas uma dúzia: “Esta é uma experiência para desenvolver, afim de abarcar o maior número possível de cartazes. Curiosamente, antes do 25 de Abril, muitos dos filmes portugueses então estreados, nem sequer eram acompanhados dos tradicionais posters, como aconteceu com “O Recado” (1972), de José Fonseca e Costa, “O Mal Amado” (1974) de Fernando Matos Silva ou “Meus Amigos” (1974) de António da Cunha Telles”.


Quanto ao cd-rom, editado em português e francês, para já ainda não está disponível ao público, “por uma questão económica”, podendo todavia ser consultado por todos quantos queiram fazer uma viagem pela memória do cinema nacional dos anos 70, no FIKE, até dia 24 de Novembro.

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