sexta-feira, 23 de novembro de 2007

JORGE CAMPOS | O Poder do Documentário











Jorge Campos, professor universitário e antigo jornalista da RTP, esteve em Évora para uma master class sobre o documentário político dos últimos 70 anos, no âmbito do FIKE – Festival Internacional de Curtas-Metragens, que decorre até dia 24 do corrente.


Considerando o documentário “como uma das formas mais livres da sétima arte”, Jorge Campos sublinha que desde o início da sua existência, “é uma forma cinematográfica que está intimamente ligada às questões sociais, por estar vinculada ao real. Nesse sentido, tem sido reiteradamente utilizada como uma arma de arremesso, de persuasão, de denúncia e de convencimento das pessoas”.


Falando concretamente do crescente impacto que o documentário tem actualmente no cinema (como os trabalhos de Michael Moore) e na televisão (como “A Guerra”, na RTP-1 ou “Toda a Verdade” na SIC-Notícias”), Jorge Campos frisa que tal se deve, em grande parte, à perda de credibilidade da política norte-americana.


“O público não encontra respostas nos tradicionais meios de comunicação para as grandes questões do mundo. E sempre que tal historicamente aconteceu, o documentário voltou em
força. É o que está a suceder hoje em dia”.


CREDIBILIDADE


Jorge Campos, porém, sublinha que há que dividir as águas, não se devendo confundir “um jornalista com um documentarista. O primeiro tem a obrigação de se reger pelas regras da objectividade. O segundo tem de ser subjectivo, apresentando o mundo de acordo com o seu próprio ponto de vista”.


E conclui: “
O documentário obriga o seu autor a ter um olhar singular sobre o mundo. Se não o fizer e for pelos atalhos jornalísticos, acaba por não dar resposta às questões que aborda, do modo a que tem direito. Por isso afirmo que, ao contrário de muitos que querem fazer crer, o Michael Moore (autor de, por exemplo, “Sicko”, Fahrenheit 9/11” e “Bowling for Columbine”, todos exibidos em Portugal), é um cineasta credível”.

Sem comentários: